Casamento em Torres del Paine - Patagônia - Chile - Destination Wedding na Patagônia Chilena - Fotógrafo brasileiro no Chile - Sessão fotográfica de casal - Ensaio pre-wedding - Larissa e Jean
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A Larissa e o Jean iriam casar aqui no Brasil, em uma celebração com direito a festa e tudo que um casamento padrão contempla, mas foi em uma conversa por telefone que tudo mudou. Logo de início dá para entender o estilo e as paixões da Larissa e minha sugestão foi um elopement wedding, era mais a cara deles, uma pegada mais intimista, mais natureza!
Ela ficou com aquilo na cabeça e como já tinham programado uma viagem para Torres del Paine, decidiram unir os desejos e começaram a procurar por fotógrafo de casamento na Patagônia do Chile ou da Argentina. Foi então que novamente nos falamos por telefone e a Larissa contou sobre as mudanças de planos. Foi então que eu disse: "Larissa, nada é por acaso nessa vida!", e sabe por que falei isso? Porque conhecer Torres del Paine era um sonho para mim, eu já tinha programado uma viagem para lá em 2021, mas nasceu minha segunda filha e os planos foram adiados.
O casal já tinha feito o circuito O, um famoso trekking no Parque Nacional Torres del Paine e eu, como amo trekking e montanhismo (quem me acompanha já sabe, posto algumas coisas sobre isso), estar com eles seria uma aventura épica! E foi o que aconteceu. Eles optaram por me levar juntinho nessa jornada, e eu aproveitei para, depois do dia das fotos, fazer o circuito W junto com eles.
Foram apenas 45 de preparação, e acredite, é muito pouco tempo para uma viagem internacional que é preciso ter todo equipamento para trekking e ainda fotografar um casal, isso envolve uma logística gigantesca, e para te explicar, vou separar em partes como foi:
A preparação para o trekking: foram 45 dias de treino com um preparador físico de ultramaratonistas e atletas de corrida/caminhada, o Nego Simionato da Simionato Runners, andando muitas vezes na cidade com a mochila nas costas. A estimativa era 23 a 25 kg de equipamento (de trekking + para fotografar), o que só depois fui ter certeza ser 28 kilos, pois algumas comidas foram compradas apenas no Chile. Eu já tinha alguma experiência no esporte, pois fiz várias trilhas e caminhadas nos canyons aqui do sul do Brasil, dormindo em barraca e fazendo a própria comida, mas nunca a ponto de fazer 80 kilômetros e caminhar por 4 dias com tanto peso. Outro detalhe era ter tudo que precisava para dormir (abrigo), comer e caminhar em frios extremos e sensações térmicas de até -15, com ventos de mais de 140 km/h, e como eu pratico trekking em uma região com cliema e bioma bem diferente, foi preciso adquirir muita coisa (lã merino foi sensacional, leve e retém muito calor, ótimo para montanha, tão bom que o Jean me apelidou de Merino).
A preparação para fotografar: o primeiro ponto crucial era não esquecer absolutamente nada, pois estaria no meio das montanhas, ou seja, não daria para sair buscando um cartão de memória na esquina. Além disso, precisei endossar o seguro dos equipamentos para cobertura internacional. O segundo ponto era escolher o equipamento adequado, não poderia levar muito peso, e optei por levar comigo (acho que nunca falei sobre isso, mas to adorando escrever):
- Câmera Canon R6 (levei apenas um corpo de câmera, mesmo sabendo dos riscos, não teria condições de levar dois para uma viagem dessas. Minha sugestão para quem for fazer algo assim é levar apenas um corpo e um ceular com uma câmera top, e sim, eu sei, não é a mesma coisa, mas convenhamos, um celular na mão de um fotógrafo profissional é outra coisa, então, é uma excelente opção de bakcup. Usei várias imagens de iPhone para as filmagens, para as fotos usei muito a GoPro também. A Canon R6 tem uma estabilização fantástica, não precisei de nada além dela para filmar);
- Adaptador de mount RF para EF com filtro clear e um ND (no próprio adaptador);
- GoPro Hero 9 (usei muito mais do que imaginei, super prática, fácil, a qualquer momento poderia clicar, mesmo com tempo ruim. A dificuldade dela é a falta de nitidez, alcance dinbâmico e ruído em condições de baixa luz, mas vale a pena);
- Lente EF 35mm 1.4 (essa foi a que mais usei, além de ser a nossa preferida, ela tem um charme que nenhuma outra lente entrega, principalmente para fotografar casal em paisagens. Dica: nitidez absurda em aproximadamente 5.6 de abertura);
- Lente EF 20mm 2.8 (essa era principalmente para fotografia de paisagem);
- Lente EF 70-200 2.8 IS (se eu visse um animal silvestre e não estivesse com ela, me jogaria do primeiro penhasco kkk, valeu super a pena levá-la, mesmo pesando 1.5kg);
- Filtro Polarizador (usei muito, principalmente quando estava com a câmera no tripé);
- Filtro Black Mist (não usei, mas foi bom levar, não ocupa muito espaço nem é pesado);
- Tripé Smallrig (relativamente leve e pequeno, é uma ótima opção para fotografia de paisagem);
- 3 baterias;
- Cartões que totalizaram 512 giga de memória disponível (gravei em 4K);
- Microfone pequeno lapela;
Para ingressar no Chile não é obrigatório passaporte, basta RG atualizado (fiz isso, pois precisa ter no máximo 10 anos de expedição e minha identidade era da época de quando jogava futsal na escola, acho que eu tinha uns 9 anos de idade kkkk). Lá, há um controle absurdo de entrada de alimentos, pois eles são muito preocupados com a produção vinícola, então, ao passar pelo setor responsável no aeroporto, minhas castanhas e sementes ficaram (mesmo estando embaladas e certificadas pelo fabricante. Eu sabia desse risco, por isso é importante declarar para não pagar multa);
Meu vôo saiu de Porto Alegre e fez conexão em Santiago (fiquei lá 8 horas), onde encontrei o casal, que vinha de Florianópolis. Pegamos o mesmo vôo de Santiago para Punta Arenas, o aeroporto mais próximo do parque, pequeno, mas com uma estrutura relativamente legal, pois recebe turistas do mundo todo. É incrível a energia desse lugar, desde o primeiro momento que você começa a olhar as montanhas do avião, até estar pisando na Patagônia.
De Punta Arenas pegamos um ônibus até Puerto Natales, que é a cidade mais próxima do Parque Nacional Torres del Paine. Lá ficamos em um hotel/hostel e aproveitamos para comprar os suprimentos (alimentos) que não trouxemos do Brasil. O trekking no circuito W pode ser realizado de várias maneiras, mas nós optamos por fazer levando tudo que era necessário, alimento, barraca, vestimenta, tudo!
No outro dia, cedinho, partimos de ônibus para o Parque e ficamos no Camping Pehoé. Confesso que ao descer e poder contemplar a vista das montanhas foi mágico. A Larissa e o Jean foram prova disso! Você entra em êxtase e é difícil acreditar que seu campo de visão praticamente não consegue enxergar tudo. São montanhas de mais de 3 mil metros, com os picos cobertos de neve e gelo, e isso tudo está praticamente à sua frente, poucos quilômetros. Para completar ainda mais a visão cinemática, o Lago Pehoé tem uma coloração divina, em azul/verde leitoso, formado por água do degelo das geleiras.
Fizemos muitas fotos, rimos, brincamos, falamos muita besteira kkkk e fomos nos lugares que eles sonhavam estar, como a escadaria que é um mirante para a cadeia montanhosa. Fizemos várias imagens com as mochilas e com as roupas de trekking, e era isso que queríamos! Final do dia aproveitei para fazer várias imagens de paisagem.
Na primeira noite dormindo em barraca já sentimos o frio e o vento fortíssimo da Patagônia e uma surpresa (que bad!), um rato silvestre teve a cara-de-pau de roer minha barraca, roer meu saco estanque e ainda comer meu queijo!
Passado o primeiro perrengue, partimos cedinho no outro dia para pegar o catamarã que leva ao início do circuito W, montamos as barracas no Paine Grande, em um camping totalmente aberto e com um vento fortíssimo (coloquei pedras imensas dentro da barraca). Depois de preparar o almoço, parti com chuva e muito vento fazer o primeiro ataque para observar a Glaciar Grey, uma geleira gigantesca.
Segundo dia a caminhada foi com todo o peso e equipamento rumo ao El Francês, montei a barraca e parti para uma subida de montanha, rumo ao mirante 360 chamado Britânico. Retornei quase escurecendo e já com muita dor nos joelhos. Acredite se quiser, eu estava com um preparo relativamente bom, não foi o cansaço que me maltratou, foi a dor nos joelhos por conta da alta carga nas costas.
No outro dia, caminhamos juntos (eu e o casal, nos outros dias eu caminhei sozinho, o que é muito legal também, uma introspecção única de superação e autoconhecimento) pelo maior trajeto do circuito, do El Francês até o El chileno, fizemos várias fotos e foi um momento incrível de troca de experiências, risadas e muito cuidado, ajuda e companherismo. Foi a parte mais difícil, pegamos muita chuva, vento e frio, além de diversas travessias de rio com muita correnteza. O acampamento do El Chileno é encantador, apesar de ter um acesso super difícil, é realmente um bar no meio da montanha. Nesse dia fiz contato com a família e vi minhas meninas, foi recompensador e claro, isso nos faz ver como amamos muito mais o que temos!
Antes do amanhecer, acordei cedinho para fazer o último ataque do circuito, fiz o trajeto todo com lanterna na cabeça, com uma pequena neve caindo e um frio de rachar! Depois de alguns kms de subida super íngreme, as famosas Torres del Paine aguardavam o sol nascer e consegui alguns registros. Precisei logo iniciar a descida, pois no meio da tarde já tinha que pegar o transporte.
Voltamos para Puerto Natales, compramos cerveja e coca e fizemos uma refeição "decente", foi divino! No outro dia, aproveitamos para comprar alguns presentes e comer uma tradicional pizza de guanaco (prima da lhama).
Sério, eu poderia ficar aqui escrevendo dias e dias, mas eu preciso terminar essa postagem. Só quero dizer que foi uma das experiências mais difíceis e na mesma medida, recompensadora! Estar com a Larissa e com o Jean naquele lugar foi realizar um sonho! Será apenas a primeira de outras aventuras com eles, 5, 10, 20 anos de casados e assim vai, o mundo será pequeno pra gente! Valeu galera, vocês são muito fodas!
Com amor, muito amor, Felipe e todo nosso time!